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Barganhas de Viagem e Versão Brasileira
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Olha se não é o Boletim chegando pra colorir sua caixa de entrada ✨
E cá estamos em Julho!
Esse mês vos escrevo com as mãos e os pés gelados passando muito frio em Curitiba, com termômetro marcando módicos 7º. Segundo o que ouvimos fazia ao menos cinco anos que não fazia um inverno tão rigoroso, acho que demos sorte (kkkcrying)…
Na Boletim de Julho temos um texto sobre barganhas de viagem, com algumas dicas e groselhas sobre o que fazemos pra economizar durante o mochilão.
Nas indicações trouxe minha nova playlist de músicas que misturam gringos e MPB e um livro triste e incrivelmente poético.
Bora que vamo
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Correrias por ai | Porto Alegre - RS
![]() | Julho | 25O mês de Julho chega com a contemplação de um céu estrelado. impressão no link→ |
O texto do mês é um compilado de pensamentos sobre como economizo viajando, vindos de alguém que ama uma boa barganha
Dicas e groselhas sobre economia de viagem

No post sobre organização de viagem eu comentei um pouco sobre os possíveis tipos de viagem existentes. Existem opções mais caras e mais baratas, mas via de regra viajar é caro. Ok, você conhece alguém que saiu com uma mão na frente e outra atrás e rodou a América Latina, isso certamente é possível, recomendável? Nem tanto.
Viajar (assim como viver) exige custos. Dá sim pra sair andando em linha reta sem nenhum planejamento, mas a realidade é que existem chances enormes de se meter em furada fazendo isso.
Existem diversas formas de viajar de maneira econômica. Voluntariado, couch surfing, carona etc. Porém, a realidade é que uma reserva financeira atua como uma rede de segurança, tanto na sua vida normal como viajando. O seu voluntariado não deu certo? O bico que você ia pegar pra pagar alimentação não funcionou? A carona que você combinou deu errado? Ter uma reserva pode te salvar de dormir na rua ou ficar com fome nesses casos.
Dito isso, porém, o tipo de viagem que fazemos aqui não é nem próximo a isso. Nós somos nômades digitais, o que significa que trabalhamos enquanto viajamos, ou seja, temos nossa renda habitual e usamos ela pra financiar a viagem, sem os custos de uma moradia fixa.
Ainda assim, isso não significa festa. Não estamos de férias e passagem, hospedagem, passeios e comer fora (mesmo que ocasionalmente) são caros, exigem atenção e um planejamento financeiro constante pras contas não desandarem.
Por isso resolvi falar algumas groselhas sobre economia moderada de viagem, não no nível mais radical do termo, mas algumas coisinhas que faço pra economizar enquanto aproveitamos os arredores.
Equipamentos de segunda mão são uma ótima pedida
Descobrir o que levar em uma mochila como nômade é uma das partes principais da organização, já estamos há 6 meses viajando e ainda adicionamos e tiramos coisas da mala. Entender o que levar é sobre observar seu cotidiano e avaliar o tipo de viagem e suas necessidades, por isso não existe fórmula mágica.
Porém, adianto que uma boa mochila é essencial. Por aqui nós temos dois modelos da Quechua de 50l e 70l. Ambas foram compradas usadas e pagamos metade do valor de um modelo novo, mesmo elas estando perfeitamente conservadas.
Vários equipamentos como mochilas, câmera e utensílios de trilha são comumente encontrados de segunda mão em excelentes condições. Enquanto outros como tênis de caminhada e notebook exigem garantia e é mais seguro comprar diretamente de uma loja.
Em ambos os casos começar os preparativos de viagem com antecedência te dá mais tempo de pesquisa e mais probabilidade de encontrar bons descontos.
Antecedência é o segredo
Assim como compra de equipamentos, via de regra, qualquer planejamento de viagem sai mais barato quando feito antecipadamente.
Seja na compra de passagens onde é possível aproveitar ocasionais descontos das companhias, na reserva de hospedagens em que as melhores e mais baratas tendem a ser reservadas primeiro ou em ingressos que saem mais caros e tem filas quilométricas no dia do evento.
Organizar e pesquisar com antecedência é geralmente o fator crucial na hora de economizar, decidir viajar em cima da hora inevitavelmente sai mais caro.
Nem sempre hostel é a melhor opção
A maioria das pessoas nos perguntam quando explicamos que somos nômades se ficamos em Hostel (logo depois de perguntarem se temos um canal ou algo do tipo), e a resposta é não, pra ambos.
Além o fato de nós dois sermos consideravelmente anti-sociais, hostel simplesmente não é a opção mais econômica quando não se está sozinho. Pelo valor de diária de duas pessoas no hostel mais simples é possível alugar um Airbnb com cozinha e privacidade, além ter a opção de economizar em acomodações semanais ou mensais dependendo do anfitrião.
Pesquisa, pesquisa e mais pesquisa
Quando se fala sobre economia de viagem um dos principais pontos é viajar de forma independente. É claro que uma agência te adianta muita coisa, reserva de hotéis, compra de passagem, ingressos etc.
Porém, toda essa praticidade vem com um preço*, planejar uma viagem de forma independente leva tempo e muita pesquisa, mas certamente compensa no valor final, principalmente se tratando de locais mais turísticos.
Por isso, separe um tempo de pesquisa:
Compare o valor das hospedagens e passagens em vários sites, veja se algum oferece opções de cashback, pontos etc
Se for possível fazer uma viagem com datas flexíveis algumas datas e horários tem passagens mais baratas que outras
Veja quais os passeios pagos precisam de ingresso, se tem dias gratuitos ou mais baratos
Busque por textos em blogs e vídeos que falam sobre o destino, muitos irão ter dicas de economia como locais de alimentação mais barato ou um transporte mais em conta
*Aqui preciso fazer uma nota de rodapé. Antigamente o antigo Hotel Urbano, atualmente Hurb, tinha pacotes de viagem surrealmente baratos. Pra terem uma noção em 2019 paguei R$2500 por um pacote completo pela rota das emoções no Nordeste, ele incluía voo de São Paulo ao Maranhão, translado entre 3 estados, todos os passeios e hospedagem em 5 hotéis ao longo de 7 dias. A viagem foi incrível, mas spoiler: isso é insustentável.
Anos depois estourou um escândalo com a Hurb (mais ou menos junto ao 123 Milhas) ser basicamente um esquema de pirâmide, eles pagavam os pacotes já contratados vendendo novos pacotes, uma hora a bolha estourou. Muita gente viajou por esses preços, mas muita gente teve seus pacotes cancelados e tem processos correndo até hoje tentando recuperar esses valores. Por isso tenha cautela, uma promoção barata demais pode valer a pena, mas talvez seja um pouco suspeita.
As vezes passeios caros valem a pena, mas nem sempre
É sempre um desafio não fazer um passeio legal enquanto se viaja, justamente porque talvez seja a única chance de conhecer aquele lugar. Por aqui eu sempre tento escolher passeios gratuitos, mas (como visto na minha revolta no post sobre Praia Grande-SC) isso nem sempre é possível.
Principalmente quando se fala em passeios em parques naturais muitos deles envolvem agências. Alguns locais como o Petar, Praia Grande ou Bonito o turismo só é possível através da contratação de pacotes caros com transfer, guia, entrada etc.
Esse tipo de viagem tem um público muito específico, que já adianto eu não faço parte. É um turismo de férias que envolve enormes quantias, “experiências chiques” e muito marketing.
Infelizmente grande parte das belezas naturais do país estão atrás desses paredões turísticos. É claro que eu não desincentivo viagens à esses lugares, até porque são belezas naturais únicas, mas não tenha essa como única meta possível de viagem.
Você não precisa necessariamente se hospedar no lounge com hidromassagem e contratar um passeio com direito a vinhos, queijos e pícnics ao pôr-do-sol pra poder viajar. Existem lugares fantásticos onde é possível chegar de ônibus, levar um lanche e ter um dia incrível gastando muito pouco.
Minha recomendação (e filosofia de viagem) é guardar esses lugares caros pra um momento futuro e conhecer no cotidiano locais mais acessíveis e sem tanta burocracia. Adianto que essas experiências vão ser bem menos enlatadas e mais profundas que o turismo clássico de agência.
Um guia talvez não seja tão necessário
Aqui sou suspeita pra falar porque eu particularmente não gosto de guias. Sei que ter um guia pode te dar uma visão nova sobre a região, mas pra mim estraga a paz da caminhada e descoberta da viagem, realmente prefiro pesquisar, fazer meus próprios roteiros e ler placas.
Um exemplo ótimo é a Trilha do Morro da Coroa em Florianópolis. A trilha mais famosa da ilha é lotada de grupos que pagaram até R$500 por um guia e isso é totalmente desnecessário. O caminho é bem demarcado, guia não é obrigatório e a dificuldade da subida não diminui com acompanhamento, além a entrada ser gratuita e livre (ao menos quando fomos em 2025).
É claro que em alguns locais a presença do guia é necessária, principalmente por questões de segurança. Mas se você não fizer questão recomendo pesquisar a obrigatoriedade e necessidade de uma guia credenciado. Só tenha noção de suas habilidades, se nunca fez trilha talvez começar sozinho por algo complicado seja uma péssima ideia.
Comer fora exige critério
A maior parte das nossas refeições são feitas em casa, alugamos um Airbnb com cozinha, fazemos uma grande compra de mês e o Mayke faz a logística de alimentação.
Porém, principalmente aos finais de semana, nem sempre é possível levar um lanche nos passeios. Comer fora anda muito caro, qualquer almoço pra duas pessoas, mesmo que simples, ultrapassa R$50. Por isso tenho alguns critérios de escolha:
Ser algo que não seja possível preparar em casa, ao menos não valendo a pena pelo tempo e valor dos ingredientes
Caso o objetivo seja exclusivamente matar a fome geralmente aposto em comida de rua, pastel, salgado, cachorro-quente etc, é gostoso e segue o critério acima
Se for pagar caro quero comer um prato novo que nunca experimentei (ainda assim nada de valores exorbitantes)
Se gosto do lugar, mas achei caro almoço antes e vou a tarde só comer um pedaço de bolo ou tomar um chocolate quente
Evitar a todo custo comer em locais turísticos, sempre tento levar um lanche quando sei que vamos há algum lugar que claramente não vai ter nada em conta
Uma dica boa, mas que eu particularmente ignoro, é evitar pedir bebidas e sobremesa, barateira muito o custo da alimentação, mas ao menos pra mim não vale a pena
Transporte público meu amor
Infelizmente grande parte do Brasil é pensado única e exclusivamente aos carros, porém ainda é possível chegar a muito lugar legal de ônibus, que tende a ser o método de locomoção mais acessível.
Cada cidade tem uma organização e é preciso pesquisar como funciona o sistema de ônibus de cada uma. Tem metrô? Como pegar o cartão de transporte? Tem dias de gratuidade? Possuí sistemas de integração?
Essa é uma das partes mais complexas da logística, ela começa ainda antes de alugar um espaço, descobrindo se é possível chegar até a hospedagem de ônibus e se o local possuí uma ligação, seja a pé ou via transporte coletivo, com o centro.
Para a locomoção em si dependemos totalmente do Google Maps e Moovit, algumas cidades têm aplicativos próprios de transporte, mas esses dois costumam funcionar na maioria dos lugares.
Também é bom avaliar trajetos que podem ser feitos a pé pra evitar pegar um ônibus a mais, mas pra isso invista em bons calçados anatômicos e confortáveis. Aquela caminhada pode não valer tanto a pena se te deixar 3 dias com bolhas nos pés (experiência própria).
Algumas cidades possuem sistemas de aluguel de bicicletas mais em conta, Santos por exemplo tem uma excelente rede municipal de aluguel nas ruas. Além poupar uma grana de Uber ou ônibus, ainda é um jeito diferente de conhecer os arredores.
Ligação entre cidades é o mais difícil
Não posso dar dicas sobre passagens aéreas porque nós só viajamos de ônibus (Isso tem algumas razões além a econômica, como eu achar aviões burocráticos e desconfortáveis e seria um pesadelo despachar o caos das nossas malas). Mas posso falar muito sobre ônibus de viagem. Enquanto ônibus metropolitanos costumam funcionar bem o transporte entre cidades e estados é no mínimo caótico.
Ironicamente viagens mais longas tendem a ser muito mais baratas que viagens curtas. Por exemplo, uma viagem de 1:30h entre Bertioga e São Paulo custa R$55 enquanto uma viagem de 14h entre Porto Alegre e Curitiba no semi-leito custa R$140, algo difícil de explicar.
Hoje em dia existem vários sites de compra de passagens rodoviárias, mas eu prefiro evitar todos eles. Uso como pesquisa, mas eles cobram taxas de conveniência absurdas, no final vale muito mais a pena comprar as passagens no site da companhia ou mesmo no guichê da rodoviária, exceto em casos de descontos e cupons pontuais.
Outro salvador de vidas é o Blabla car, admito que tenho receio em viajar sozinha, mas em dupla é bem tranquilo. Principalmente pra viagens de curta distância entre duas cidades, sempre vale a pena dar uma olhada nas caronas disponíveis.
A perdição dos cacarecos
Esse é um tópico muito particular onde posso dar mais conselhos do que necessariamente seguir eles. Diferentemente dos mochileiros livres das amarras capitalistas que vivem com uma mochila e uma muda de roupas, eu amo um cacareco.
Antes de começar a viajar combinei com alguns parentes de enviar compras de viagem pelos correios, porque eu sabia que elas inevitavelmente ocorreriam. Eu passo longe das lembrancinhas de cidades e artesanatos questionáveis, porém entro em cada brechó, sebo, venda de garagem e loja de usados que vejo pela frente. E é claro que raramente saio de mãos vazias.
Eu adoro viajar, mas um dia quero ter uma casa lotadas dos meus garimpos ao redor do mundo, então cada novo lugar é uma chance de encontrar novas/velhas bugigangas. É óbvio que preciso ter alguns critérios de escolha, onde os principais são preço, tamanho do item e, principalmente, singularidade.
Eu gosto de coisas únicas, se possível com boas histórias. Passo longe da arara de roupas de marca, mas não resisto ao casaco cenográfico saído do show da xuxa ou ao livro de dicas de decoração dos anos 70.
Sempre me questiono sobre cada novo item que adquirimos, o intuito é que ele ultrapasse a escala de objetivo e se torne algo afetivo, que nos lembre os lugares que estivemos e carreguem consigo boas histórias, afinal, acho que o objetivo final de toda viagem é esse mesmo.


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