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Criação pessoal precisa ser divertido
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Olha se não é o Boletim chegando pra colorir sua caixa de entrada ✨
Chegamos em Março em clima de carnaval atrasado e sensação que o ano mal começou, mas parece que que já se passaram dois.
Por aqui fevereiro foi um mês maluco onde organizei uma mudança e comecei meu mochilão. No momento escrevo de São Paulo, pois mal pisei em terras Catarinenses e já precisei voltar por motivos de jobs. A palavra caos resume minhas últimas semanas precisamente e enquanto eu não endoido de vez tento manter meus projetos pessoais no tempinho que sobra entre muros, tintas, viagens de ônibus e capivaras de praia.
Na Boletim desse mês temos um texto breve sobre o paradoxo da criação profissional, indicação de filme gostosinho, música pra tardes de domingo e zine de designer brasileiro
Bora que vamo →

Mural GMF - Sesc Bertioga
Em janeiro o Sesc Bertioga me convidou pra colorir o prédio do GMF. Foram cinco dias de pintura cobrindo os 200m de extensão com um projeto trazendo ilustrações que exploravam diferentes tipos de exercício físico e corpos diversos.
Eu morei por dois anos em Bertioga e foi um prazer poder deixar um pouquinho do meu trabalho por lá, o Sesc fez um vídeo muito legal sobre o processo lá no insta →
O texto de hoje é uma breve reflexão sobre os paradoxos do trabalho criativo: Criação Pessoal Só Precisa ser Divertida
Se preferir ou quiser comentar leia direto no blog
Eu sempre gostei de criar coisas, desde criança eu passava horas desenhando, fazendo recortes, editando vídeos, criando maquetes ou roupas para as minhas bonecas, criar sempre foi o que consumiu meu tempo e minha cabeça. Na adolescência eu entrei no curso de comunicação visual onde aprendi o que era design, também nessa época comecei a pegar minhas primeiras encomendas de retratos em aquarela.
A partir desse ponto o que antes eu amava como hobbie se tornou um trabalho e acho que é aqui que as coisas começam a ficar mais complexas. Quando criar se tornou algo acadêmico e profissional eu aprendi regras, muitas úteis é verdade, como por exemplo quais cores fazem contraste com outras ou desenhar perspectivas ̶(̶m̶e̶n̶t̶i̶r̶a̶ ̶i̶s̶s̶o̶ ̶e̶u̶ ̶n̶u̶n̶c̶a̶ ̶a̶p̶r̶e̶n̶d̶i̶)̶.
Criar se tornou algo esquematizado e polido, por vários anos minha criação era dessa forma. Profissionalmente não existe muita escapatória, trabalhar com criatividade exige organização e conhecimento dos processos, mas e pessoalmente? Porque o meu trabalho pessoal contínua existindo, a criação comercial nunca é o suficiente e esse é o limbo que todo profissional da área se depara em algum momento. Como lidar com seu trabalho pessoal quando criar é aquilo que paga as suas contas?
Eu demorei muito tempo tentando chegar nesse equilíbrio e até hoje ainda tento. Passei anos aplicando na minha criação pessoal uma lógica de perfeição que foi duramente aprendida com o trabalho profissional. Até que um dia eu percebi que eu não tava mais me divertindo com aquilo, acabava me perdendo tentando chegar em um resultado idealizado. Mas então qual era o sentido? Porque criar algo pra você se objetivo final não é apreciar o processo do que se faz?
Esse questionamento ressoou por um bom tempo na minha cabeça e ele me fez mudar totalmente o que eu fazia e como eu encarava meu trabalho. Vi que eu não gostava de pintar realismo e hoje eu só crio ̶d̶e̶s̶e̶n̶h̶o̶ ̶f̶e̶i̶o̶ aquilo que me deixa feliz, ao menos pessoalmente.
Admito que eu ainda tenho problemas em largar o perfeccionismo, mas é um trabalho constante. Meu processo foi um fruto de sempre ter lidado com criação, mas na verdade esse é um recado pra quem tá começando algo novo também. Quando se aprende alguma coisa por hobbie não existe nenhuma obrigatoriedade daquilo ser bom.
Renegue as regras e a perfeição ao trabalho profissional e se permita aproveitar o processo de aprender algo novo, mesmo sendo ruim naquilo. Criar pra si é no final sobre ter liberdade, é claro que regras são úteis pra te guiar no começo, mas fora as de segurança, elas são totalmente opcionais.


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